Terapia de Coerência
Prodedimentos
A Terapia da Coerência (anteriormente Depth Oriented Brief Therapy) foi desenvolvida por Bruce Ecker e Hulley Laurel (Ecker & Hulley, 1996), que estudaram Terapia Gestalt, Constructivista, Estratégica e Familiar-Sistémica. A Terapia da Coerência integra a terapia construtivista com a terapia experiencial e consiste em 4 fases.

Começa pela identificação do sintoma: o terapeuta fica a conhecer os comportamentos específicos, humores, emoções, pensamentos e circunstâncias que o cliente quer mudar. O terapeuta pede ao cliente para reviver (não apenas recontar), uma situação recente em que ocorreu o problema, focalizando aspectos específicos da experiência (por ex. sentir, pensar, comportamento, etc.).

Na segunda fase, de descoberta, o objectivo é descobrir a aprendizagem emocional subjacente, de acordo com o que exige o sintoma. Mais uma vez, o terapeuta promove o acesso a essa "verdade emocional do sintoma" de uma forma experiencial. Exemplos de técnicas muitas vezes utilizadas nesta fase são:

Privação do Sintoma: o cliente visualiza como é viver e comportar-se sem o sintoma. Isso traz um desconforto que, quando surge plenamente, revela um sofrimento que é evitado pelo sintoma;

Completar frases: por ex. um cliente sub-“realizado” é convidado a visualizar os seus pais e a dizer-lhes: "Parte de mim espera que quando vocês vêm que eu estou a falhar, vocês vão ..." Ele diz isso e as palavras que surgem para completá-lo são , "cuidar de mim, por uma vez." Muitas vezes o cliente vai trazer espontaneamente, associações ou lembranças de situações do início da sua vida em que a necessidade de adaptação dos sintomas é claramente mais reconhecível. O reviver dessas situações, ao invés de falar sobre elas, pode ser útil, para entender porque, o sofrimento que se espera na ausência do sintoma é muito pior que o sofrimento que o sintoma em si está a causar.

Na terceira fase de integração, o objectivo é que a verdade emocional do sintoma se integre na consciência quotidiana do cliente. Técnicas nesta fase incluem:

1.Afirmação explícita: O cliente é convidado pelo terapeuta para dar a voz à verdade emocional do sintoma. Por ex., o cliente acima descrito veria a imagem dos seus pais e dir-lhes-ia: "Espero que quando vocês vêm que eu estou falhar, cuidem de mim, finalmente. Se eu pareço bem, nunca cuidam de mim. "

2. Cartões de bolso: o propósito subjacente do sintoma é escrito num cartão e dado ao cliente para leitura diária.

3. Reconhecimento em tempo real: a ocorrência de sintomas, entre sessões é usada como um sinal para lembrar e re-experienciar a necessidade do sintoma. O resultado da integração das construções emocionais (aprendidas) exigindo o sintoma, é uma alteração na forma como o cliente experiencia o problema. Em vez de ver o sintoma como patológico, estranho e fora de controle, o paciente ganha uma sensação de controle e propósito na sua produção.

Na quarta fase, de transformação, a experiência da construção de sintomas está emparelhada com a experiência de alguns conhecimentos de vida incompatível. Esta justaposição visceralmente experienciada tem como resultado o fim permanente do sintoma .
Enquadramento Teórico
A Terapia da Coerência conceitua a mudança dentro de um quadro construtivista. O seu princípio central é a coerência do sintoma: "um sintoma ou problema é produzido por uma pessoa porque esta abriga ... [uma]construção inconsciente da realidade ... em que o sintoma é necessário, apesar do sofrimento ou dificuldade causados por tê-lo "(Ecker & Hulley, 2000).

A fim de mudar uma construção que gera o sintoma ou o esquema emocional, esta construção tem de ser primeiro descoberta e depois integrada para que o cliente realmente experiencie a necessidade de ter o sintoma. As construções-chave que compõem este esquema emocional, bem como a necessidade do sintoma estão, então, directamente disponíveis para a mudança. Um processo natural de mudança que consiste numa justaposição experiencial foi descoberto por Ecker & Hulley (1996) ao examinar as sessões dos seus próprios clientes ".

Eles descobriram que quando duas crenças emocionalmente vivas estão juntas na consciência, e ambas não podem ser verdade simultaneamente, a construção anterior é refutada e desaparece. Em artigos mais neurológicos este processo é referido como depotenciação (Ecker & Toomey, 2008). Esta é uma versão totalmente experiencial de um processo mais cognitivo descrito anteriormente na teoria de Festinger dissonância cognitiva (1957) e nas ideias de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo (1971). É importante notar que a mudança não é simplesmente cognitiva, tal como na reformulação racional ou no insight intelectual, mas uma revisão experiencial da realidade. (cf Ecker, 2002a)
Literatura
Ecker, B. (2003). The Hidden Logic of Anxiety: Look for the Emotional Truth Behind the Symptom. Psychotherapy Networker, 27, 38-43.
Ecker, B. (2008). Unlocking the emotional brain: Finding the neural key to transformation. Psychotherapy Networker, 32, 42-47.
Ecker, B., & Hulley, L. (1996). Depth oriented brief therapy: How to be brief when you were trained to be deep, and vice versa. San Francisco: Jossey-Bass.
Ecker, B., & Hulley, L. (2002a). Deep from the start: Profound change in brief therapy. Psychotherapy Networker, 26, 46–51.
Ecker, B., & Hulley, L. (2002b). DOBT toolkit for in-depth effectiveness: Methods and concepts of depth-oriented brief therapy. New Therapist, 20, 24–29.
Ecker, B., & Toomey, B. (2008). Depotentiation of symptom-producing implicit memory in coherence therapy. Journal of Constructivist Psychology, 21, 87–150.
Ecker, B. & Hulley, L. (2000). Depth-oriented brief therapy: Accelerated accessing of the coherent unconscious. In J. Carlson & L. Sperry (Eds.), Brief therapy with individuals and couples (pp. 161–190). Phoenix, AZ: Zeig, Tucker & Theisen.
Toomey, B. & Ecker, B. (2009). Competing visions of the implications of neuroscience for psychotherapy. Journal of Constructivist Psychology, 22, 95-140.
Toomey, B., & Ecker, B. (2007). Of neurons and knowings: Constructivism, coherence psychology and their neurodynamic substrates. Journal of Constructivist Psychology, 20, 201-245.
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